É verdade que problemas de fala podem trazer dificuldades na aprendizagem da leitura e escrita?

Enquanto terapeutas da fala é uma realidade comum avaliar crianças em idade escolar com alterações de fala, que são encaminhadas por problemas de leitura e escrita em que depois detetamos trocas fonéticas (por exemplo o que comummente chamamos de sigmatismo) e/ou fonológicas (por exemplo penke em vez de pente, tasa em vez de casa…) que até aí passaram despercebidas para os pais e ou cuidadores…

 

Mas o que são afinal perturbações dos sons da fala?

A alteração na produção dos sons da fala denomina-se por Perturbações dos Sons da Fala e pode ocorrer ao nível da fonética ou fonologia (American Psychiatric Association, 2013; M. Lousada et al., 2017).

As Perturbações dos Sons da Fala são alterações do desenvolvimento, de etiologia desconhecida, que podem ser de natureza fonética e/ou fonológica (Shriberg, 2003). De notar que a sua prevalência é de 10% a 15% em idade pré-escolar e de 6% em idade escolar (Bowen, 2009; McLeod & Harrison, 2009).

A fonologia é entendida como sendo a organização ou sequenciação dos elementos sonoros que a fonética lhe oferece, permitindo-nos dizer palavras com sentido. Enquanto a fonética é a produção dos sons da fala ao nível motor, a fonologia precisa de maturidade neurofisiológica e psicológica (Lima, 2009; Ramos, 2017).

 

Mas afinal uma perturbação da fala tem ou não impacto na aprendizagem da leitura e escrita?

As Perturbações dos Sons da Fala que tragam consigo alterações fonológicas, quando detetadas tardiamente, exigem uma intervenção mais longa e acarretam também implicações na aprendizagem da leitura e escrita.

Assim, os problemas de fala com base fonológica são aqueles que irão trazer maior impacto na aprendizagem da leitura e escrita, uma vez que a área da fonologia, ou seja a capacidade que a criança tem de pensar sobre os sons da fala (Lamprecht et al., 2004), tem que estar consolidada (Ramalho, 2017) para que exista sucesso na aprendizagem da leitura e escrita.

 

Então como posso evitar que o meu filho tenha problemas na aprendizagem da leitura e escrita?

Tendo em mente que uma criança entre os 4 e 5 anos já possui um completo domínio articulatório (Sim-Sim et al, 2008), é fundamental consultar um terapeuta o quanto antes caso note alterações na fala. É possível evitar as alterações optando por uma intervenção precoce, bem fundamentada e devidamente partilhada com todos os intervenientes no processo educativo, começando claro pela criança e pela família, tal como partilhamos num pequeno testemunho sobre as evoluções do nosso Miguel:

 

“O Miguel com três anos de idade apresentava um atraso significativo na linguagem de expressão, resumindo não falava, não dizia o seu nome nem um Olá. Foi nessa altura que Dra. Joana entrou nas nossas vidas até hoje, atualmente, o Miguel já teve alta, felizmente, mas a Dra. Joana fará sempre parte das nossas vidas pelo seu profissionalismo dedicação e empenho. Foram momentos duros de trabalho e persistência, desta profissional que é uma referência. O trabalho deu frutos, aconteceu a olhos vistos, a evolução do Miguel acontecia dia após dia. Foram feitas pequenas e grandes conquistas. Hoje o Miguel tem um vocabulário muito rico e diversificado, está no primeiro ano, a Dra. Joana acompanhou o nos primeiros tempos para perceber adaptação ao novo meio. Foi na confiança na amizade que também se construiu, no diálogo na interação com as educadoras, com o ambiente escolar e de casa que esta profissional de excelência fez o meu Miguel chegar onde chegou. Obrigada Joana por trabalhar também com o coração, só assim se chega a resultados positivos. Bem haja.”

Mãe do Miguel

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