Muitas vezes ouvimos expressões como “o meu filho é muito desajeitado”, “é trapalhão a vestir-se”, “parece que não consegue estar sentado à mesa sem deitar tudo ao chão” e na realidade é mesmo isso que acontece nas crianças com dificuldades na coordenação.
A verdade é que existem crianças que a certa fase do seu desenvolvimento começam a evidenciar algumas dificuldades. O que acontece é que muitas das vezes essas dificuldades têm um impacto nas actividades académicas (manusear o lápis, escrever, aulas de ginástica) e também nas actividades da vida diária (ex. vestir, calçar, etc) e os pais começam a ficar preocupados e sem saber muito bem o que pensar e fazer para ajudar o seu filho. E, com o passar do tempo, a criança vai crescendo e tal como as exigências funcionais em casa, na escola e na comunidade vão aumentando…também as dificuldades!
Sinais
Existem alguns sinais que deve estar atento e que poderão indicar dificuldades do seu filho ao nível da coordenação:
- Parece desajeitado ou descoordenado
- Parece ter os músculos fracos
- Tem um pobre equilíbrio (ex. manter-se em pé enquanto se veste)
- Tem dificuldades nas atividades que exigem o uso de todo o corpo
- Tem dificuldade nas atividades que exigem o uso das mãos (ex. atar os sapatos, abotoar, pintar dentro dos contornos)
- Tem uma postura sentado ou a caminhar/correr “estranhos”
- Tem dificuldade em recortar, cortar os alimentos com garfo e faca
- Parece não ter noção do espaço e da própria força
- Tem dificuldade em escrever
- Tem dificuldade em apreender novas competências motoras
- Tem dificuldade em transitar de uma atividade para outra
O que fazer?
1º Esteja atento
– Observe o seu filho e tente perceber se as dificuldades motoras têm impacto em casa (actividades da vida diária);
– Comunique com a escola e perceba se essas dificuldades também se verificam na escola e se estão a prejudicar o desempenho académico do seu filho.
2º Brinque com o seu filho, promovendo actividades lúdicas mas com uma componente mais motora
Actividades de motricidade global
– Correr, saltar, subir e descer escadas, trepar;
– Atirar e receber bola com as mãos e chutar;
– Imitar (ex: animais -caranguejo, sapo, elefante; super heróis- homem aranha, powerranger, etc);
Actividades de motricidade fina
– Desenhar livremente, desenhar figura humana, desenhar casa;
– Pintar dentro de contornos;
– Modelar plasticina (apertar, esticar, fazer formas, esconder objetos pequenos tais comofeijões ou missangas na plasticina);
– Recortar (linhas, círculos, várias formas);
. Actividades com pinças (ex. passar berlindes de um sítio para o outro com uma pinça);
– Actividades com molas (ex. montar sequências de imagens colocadas em molas numa corda).
3º Procure ajuda
– Fale com o pediatra do seu filho explicando as dificuldades de coordenação do seu filho;
– Procure um terapeuta Ocupacional.
O que o Terapeuta Ocupacional irá fazer?
1. Avaliar as dificuldades nas competências motoras (e outras áreas) bem como o seu impacto nas actividades académicas e nas actividades da vida diária;
2. Desenhar um plano que pode incluir:
– O desenvolvimento das competências motoras (e outras áreas) através de jogos/ actividades terapêuticas.
– Treinar o desempenho das várias actividades da vida diária (autocuidados, brincar, aprendizagem);
– Aconselhar mudanças no ambiente ou equipamento que facilitem realização das actividades;
– Aconselhar pais e professores.
Referências bibliográficas:
Missiuna, C., Rivard, L. & Pollock, N. (2011). DCD – CanChild Centre for Childhood Disability Research. Canadá: McMaster University.
Ayres, J (2005). Sensory integration and the child: understanding hidden sensory challenges. USA: WPS.
http://www.dyspraxiafoundation.org.uk/about-dyspraxia/
http://www.aota.org/-/media/Corporate/Files/AboutOT/Professionals/WhatIsOT/CY/Fact-Sheets/Children%20and%20Youth%20fact%20sheet.pdf